domingo, 31 de agosto de 2008

Visão feminina a partir de um Homem.

Nós, homens, remanescentes de uma sociedade idiotamente machista, somos de fato responsáveis pela mão-de-obra na construção de monstros que atacam a nós mesmos.
Ponhamo-nos numa situação inicial deveras equilibrada. Homem, jovem, com namorada. Aquela perfeita nos padrões que deveriam ser relevantes: bonita; inteligente; caseira; atenciosa. Nos damos conta errôneamente que tudo tem entrado numa rotina desgastante, por tudo parecer certo demais. Ué, não deveria ser assim? Pois bem, deixamos a santa em casa e saímos munidos de motivos inexistentes para "adulterar" o sistema. Prontamente pegamos nossa vontade incessante de estar com uma "gostosa" desprovida de inteligência e autonomia, a colocamos em nossas ridículas listinhas de garotas traçadas, vezes pra suprir necessidades abstratas inexistentes, vezes para fazê-la de troféu frente aos amiguinhos da mesma laia que a nossa. Os dias se passam, tudo se torna comum até que a infeliz santa descobre, se dá conta que foi trocada por uma monstra detentora unicamente de belas curvas físicas. Pois é, neste momento acaba-se a crença naquelas conversinhas comuns à todos nós:
"eu sou diferente dos demais..."; "eu te farei feliz..."; "vamos casar?".
Pois bem, a não mais santa, joga tudo pro alto, não mais busca relacionamentos sérios e começa a agir como a maior parte da sociedade. Fica por ficar, se liga exclusivamente à valores físicos e materiais e, vez ou outra, dá "corda" a alguém que deixou a santa em casa. Está feito uma nova monstra.


Pois bem meus caros, não estou aqui pra chorar mágoas passadas, ou mesmo presentes. Nem ao menos tem me ocorrido motivos para negatividade e derivados. Quero sim por meio deste "testemunho", mostrar que nem tudo vem prontinho, somos de fato responsáveis por tudo que nos cerca.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Olhe ao redor.

Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.

Texto: Clarice Lispector

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Brasil Olímpico é uma realidade.



Todos nós percebemos que o Brasil Olímpico é uma realidade. O que dizer da nossa incrível equipe de tênis de mesa? Gigantes que alcançaram a honrosa possibilidade de não passar da primeira fase. Nossa natação cheia de grandes nomes, com apenas um patinho feio, medíocre ganhador dos 50m? Ahh, nossa fantástica turma do atletismo, correndo como campeões da incerteza. Cavalo, tiro, flecha, arco, taco, bola são ingredientes coadjuvantes frente à determinada corrida brasileira ao quadro de medalhas onde alguns países encontram-se mal posicionados. Um exemplo é o pseudoatleta que atende pelo nome de Phelps, ganhador de migalhas insignificantes de ouro que o coloca bem a frente do Brasil somando todas as participações no evento, se o Phelps fosse um país estaria entre os incompetentes dez melhores no quadro. Talvez por isso achamos sensacionalismo os previsíveis filmes de heróis estadunidenses, visto que pra nossa realidade, ser herói é lutar contra confederações, ligas, organizações para tentar trazer a elas mesmas: respeito; conhecimento; e em paralelo o que elas mais querem - dinheiro.
Ser herói não deveria ser ficar por dez anos na faixa marron por falta de verba (se não me falha a memória o exame de mudança de faixacusta 1500 reais) e fazer do choro algo heróico. Ser herói não deveria ser o papel do pai de atleta, ao acompanhá-lo, ao bancar toda e qualquer despeza que deveria ser responsabilidade do governo. Deveria sim, ser o momento máximo do esporte, com atletas ganhando não só pela competência própria mas pela organização daqueles que deveriam dar mais atenção e carinho aos bravos guerreiros que se expõem ao fazerem do choro um motivo para alisarmos vossas cabeças.
O nosso choro é culpa do nosso descaso. Nossos atletas estão para as olímpiadas como nossos alunos estão para a sapiência.

Texto: Breno Rocha.